Na cidade de papel
As paredes são frágeis,
Na cidade de papel
Os segredos desaparecem [nas paredes]
Na cidade de papel
Não se esconde nada, escreve-se
Por vezes é esquecido
Mas nunca escondido.
Na cidade de papel
As pessoas amam ao Ritmo das paredes.
Lá o dito existe como escrito
E o presente como garantia do futuro e passado.
Na cidade de papel as pessoas desdobram-se
Em múltiplos origamis .
Nessa cidade existimos.
Na cidade de papel
Nero vê um paraíso à frente.
Sunday, August 22, 2010
Entre as esquinas
Eu sabia que vinhas naquela direcção por isso esperei na esquina errada. O meu peito saltava estranhamente. Vi a esquina certa e imaginei o que seria estar lá, o que poderia acontecer, o que é que talvez mudaria. Mas, pensando melhor, na esquina errada também não se está nada mal, aqui há boas prostituas, os velhos bêbados são engraçados e a droga nem é cara.
Descolei os olhos da esquina certa e deixei lá o meu peito saltitante, um bêbado ofereceu-me um whisky, uma prostituta um oral e um dealer uma dose de sei lá oquê.
Foram simpáticos, aceitei metade de cada oferta e depois entre a esquina certa e a errada escolhi o meio da estrada. Sentei-me a ver se ainda te via e enquanto esperava bebi o meio whisky e fechei os olhos à espera do meio oral para depois ir à meia dose de sei lá oquê. O whisky soube bem, arranhou, e quando abri os olhos não foi a prostituta que vi mas sim um autocarro e depois;
VUUUUM! BIIP BIIIIP (a buzina) e
CRASH! CRACK!
Descolei os olhos da esquina certa e deixei lá o meu peito saltitante, um bêbado ofereceu-me um whisky, uma prostituta um oral e um dealer uma dose de sei lá oquê.
Foram simpáticos, aceitei metade de cada oferta e depois entre a esquina certa e a errada escolhi o meio da estrada. Sentei-me a ver se ainda te via e enquanto esperava bebi o meio whisky e fechei os olhos à espera do meio oral para depois ir à meia dose de sei lá oquê. O whisky soube bem, arranhou, e quando abri os olhos não foi a prostituta que vi mas sim um autocarro e depois;
VUUUUM! BIIP BIIIIP (a buzina) e
CRASH! CRACK!
Sunday, August 08, 2010
The Bachelor - Patrick Wolf
But I'm not gonna marry in the fall
And I'm not gonna marry in the spring
I will never marry - marry at all
No one will wear my silver ring
Saturday, August 07, 2010
A intemporalidade das coisas*
"É a lida do comércio e nas artes, é o ávido interesse pelo lucro, é a moleza e amor pelas comodidades, que transformam em dinheiro os serviços pessoais. (...) Num país realmente livre, os cidadãos fazem tudo com a força dos seus braços e nada com o ouro; não pagam para se desobrigarem dos deveres, pagam para os cumprirem."
"As boas leis criam outras melhores; as más conduzem às piores. E logo que alguém diz «Que me importa?», ao referir-se às questões do Estado, o Estado está perdido"
in Contrato Social (1762), de Rousseau
*ou o passo de caranguejo, como diz Umberto Eco.
"As boas leis criam outras melhores; as más conduzem às piores. E logo que alguém diz «Que me importa?», ao referir-se às questões do Estado, o Estado está perdido"
in Contrato Social (1762), de Rousseau
*ou o passo de caranguejo, como diz Umberto Eco.
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Sunday, August 01, 2010
Mesa morta
A mesa está morta,
Cheio de corpos aos trambolhões
E de copos vazios.
Fazes cá falta,
Para te sentares naquela cadeira.
A única vazia,
Mas também a única capaz de encher o lugar.
Vem mais cerveja
E os copos estão cheios
[novamente]
As cadeiras continuam
[cheias também]
Mas uma está vazia.
[como eu]
Cheio de corpos aos trambolhões
E de copos vazios.
Fazes cá falta,
Para te sentares naquela cadeira.
A única vazia,
Mas também a única capaz de encher o lugar.
Vem mais cerveja
E os copos estão cheios
[novamente]
As cadeiras continuam
[cheias também]
Mas uma está vazia.
[como eu]
Sunday, July 18, 2010
Arcade Fire - My body is a cage
My body is a cage
That keeps me from dancing
With the one I love,
But my mind holds the key.
Wednesday, July 14, 2010
Monday, July 12, 2010
Saturday, July 10, 2010
Friday, July 09, 2010
Tuesday, July 06, 2010
Wednesday, June 23, 2010
Sunday, June 20, 2010
Thursday, June 17, 2010
Wednesday, May 12, 2010
[Cristal]
Parece que foi ontem,
Que brincava com o cristal.
Era criança e todo aquele brilho
Era óptimo para brincar.
Continuei criança
E reparei que as minhas mãos iam calejando,
Eu ia mudando e brincando com ele,
E o cristal sempre igual, belo, decidido.
Cresci criança,
E o cristal não mais me parecia brinquedo,
Do cristal algo mais ia sobressaindo.
Reparei que com o belo não se brinca,
Estima-se e guarda-se
Mas quando reparei já ele era metal decidido e conformado.
E eu criança ainda era.
Fresta de Luz
Que brincava com o cristal.
Era criança e todo aquele brilho
Era óptimo para brincar.
Continuei criança
E reparei que as minhas mãos iam calejando,
Eu ia mudando e brincando com ele,
E o cristal sempre igual, belo, decidido.
Cresci criança,
E o cristal não mais me parecia brinquedo,
Do cristal algo mais ia sobressaindo.
Reparei que com o belo não se brinca,
Estima-se e guarda-se
Mas quando reparei já ele era metal decidido e conformado.
E eu criança ainda era.
Fresta de Luz
Saturday, May 08, 2010
É o sonho
Cristão como gema de ovo
Branco como Corvo
Negro como pomba da paz
Sereno como berros em Alcatraz
Perdido em tempos,
Perdido em galáxias,
Engulo momentos
E cuspo podres acácias.
Via rápida cerebral
Com hipersónicos neurónios
Construção verbal
De seres homónimos
Vertente linguística
De Construção inerte
Língua que não petisca
Coração que derrete.
Maricas
Como abre caricas
Rasgo folhas de Outono
Em banho morno.
Desconstrução de um ser gigante
Provoca confusão
Num verso ignorante
De pouco compreensão…
Desperto cheio de sono,
Com uma noite passada
Num caleidoscópio de sonho.
Branco como Corvo
Negro como pomba da paz
Sereno como berros em Alcatraz
Perdido em tempos,
Perdido em galáxias,
Engulo momentos
E cuspo podres acácias.
Via rápida cerebral
Com hipersónicos neurónios
Construção verbal
De seres homónimos
Vertente linguística
De Construção inerte
Língua que não petisca
Coração que derrete.
Maricas
Como abre caricas
Rasgo folhas de Outono
Em banho morno.
Desconstrução de um ser gigante
Provoca confusão
Num verso ignorante
De pouco compreensão…
Desperto cheio de sono,
Com uma noite passada
Num caleidoscópio de sonho.
252525
Parte-me a tromba como cachaça,
Abre-me as virilhas como sorriso ácido,
Arrasta-me pela tua merda esquizofrénica.
Sempre me acompanhaste,
Sempre escondido,
Mas tão vivamente presente.
Aquele vulto sem sombra,
Cobertura que não aquece,
Relógio que não diz horas.
Mas força invisível
Que rege o Universo,
O tempo em ti perde-se
E o calor em ti desvanece.
És aquela criatura que nem ser é,
Ser humano sem comunicação,
Ser vivo sem vida.
Fresta de Luz
Abre-me as virilhas como sorriso ácido,
Arrasta-me pela tua merda esquizofrénica.
Sempre me acompanhaste,
Sempre escondido,
Mas tão vivamente presente.
Aquele vulto sem sombra,
Cobertura que não aquece,
Relógio que não diz horas.
Mas força invisível
Que rege o Universo,
O tempo em ti perde-se
E o calor em ti desvanece.
És aquela criatura que nem ser é,
Ser humano sem comunicação,
Ser vivo sem vida.
Fresta de Luz
Sunday, March 14, 2010
Toq
É com estranheza que te toco
Como se de algo novo fosse
Intimidante, suave, belo.
Toco e quero tocar mais,
E quanto mais toco mais estranheza tenho,
Mais vontade tenho.
Adoro o tocar que é,
Adoro a estranheza que é
E adoro a vontade que tenho.
Ter os meus dedos que deslizam como pianista por ti.
Para sentir aquele toque e descobrir mais,
Um piano de peças sem fim,
Uma música em que a pauta é o universo,
Um compasso que se divide em tempos sem lógica,
Um espaço que não ocupa, preenche.
É esse toque que quero,
A esses todos ritmos
A essas horas em que tu te abres e respiras
E cantas a música da vibração inaudível,
Despejas aquele suor seco em mim
E aquela fervura de criança que ainda não conhece.
Toco e gosto de tocar em algo que sempre me tocou.
André Ventura
15 de Março de 2010
Como se de algo novo fosse
Intimidante, suave, belo.
Toco e quero tocar mais,
E quanto mais toco mais estranheza tenho,
Mais vontade tenho.
Adoro o tocar que é,
Adoro a estranheza que é
E adoro a vontade que tenho.
Ter os meus dedos que deslizam como pianista por ti.
Para sentir aquele toque e descobrir mais,
Um piano de peças sem fim,
Uma música em que a pauta é o universo,
Um compasso que se divide em tempos sem lógica,
Um espaço que não ocupa, preenche.
É esse toque que quero,
A esses todos ritmos
A essas horas em que tu te abres e respiras
E cantas a música da vibração inaudível,
Despejas aquele suor seco em mim
E aquela fervura de criança que ainda não conhece.
Toco e gosto de tocar em algo que sempre me tocou.
André Ventura
15 de Março de 2010
0072
Como uma valsa desço pelo Universo,
De braço dado.
O teu conforto,
Os teus braços de estrelas.
Aos saltos de planeta em planeta,
Viajamos e
Uma longa infinitude ainda falta.
Milhares de planetas, de histórias,
De sítios e paisagens.
Paisagens que quando contornadas
Pelo teu corpo,
Pela tua face,
O brilho dos teus olhos,
O fascínio dos teus lábios,
A vida dos teus cabelo,
Se tornam em mais multiplicações do próprio Universo.
Paisagens que me fazem vibrar de sede.
E com a tua voz,
Um canto que surge no Universo silencioso,
Uma voz que faz vibrar astros de emoção.
És uma sensação que me multiplica em Universos.
Uma sensação que me faz.
4 de Maio de 2009
De braço dado.
O teu conforto,
Os teus braços de estrelas.
Aos saltos de planeta em planeta,
Viajamos e
Uma longa infinitude ainda falta.
Milhares de planetas, de histórias,
De sítios e paisagens.
Paisagens que quando contornadas
Pelo teu corpo,
Pela tua face,
O brilho dos teus olhos,
O fascínio dos teus lábios,
A vida dos teus cabelo,
Se tornam em mais multiplicações do próprio Universo.
Paisagens que me fazem vibrar de sede.
E com a tua voz,
Um canto que surge no Universo silencioso,
Uma voz que faz vibrar astros de emoção.
És uma sensação que me multiplica em Universos.
Uma sensação que me faz.
4 de Maio de 2009
Saturday, March 13, 2010
)))
Parece mentira
De vez em quando basta-me abrir a boca
E bebo ouro líquido.
Vem daquela estátua
Que de noite flutua sobre o colchão
E de dia brilha! E muito!
Imóvel não é,
Mas é estátua porque é sólida,
Definida
E sabe definir-me,
E sabe tocar-me
E sabe rir-me
E sabe…
E sabe..
Tanta coisa!
Ai estátua de berlinde,
Adormeço sempre com a tua imagem ao lado.
André Ventura
14 de Março de 2010
De vez em quando basta-me abrir a boca
E bebo ouro líquido.
Vem daquela estátua
Que de noite flutua sobre o colchão
E de dia brilha! E muito!
Imóvel não é,
Mas é estátua porque é sólida,
Definida
E sabe definir-me,
E sabe tocar-me
E sabe rir-me
E sabe…
E sabe..
Tanta coisa!
Ai estátua de berlinde,
Adormeço sempre com a tua imagem ao lado.
André Ventura
14 de Março de 2010
BLERK DE RANHO!
Blerk !! Blerk! Blurk! Blark! Blork! Brouummm!
Estas correntes enferrujadas apertam-me o pescoço!
Entalam-me as peles e fazem os grandes maciços
De pus explodir em múltiplas direcções.
Não consigo falar
Só me sai ranho merdoso de cobardolas,
Ou gigantes coágulos de sangue de cão.
Ah! E tenho imensa vergonha desta merda,
Sou eu que aperto as correntes
É de livro vontade que tenho a boca a saber a merda,
O coração mirrado demais,
E uma vida plena.
Parece que é fetiche
Mas não.
Parece que sou passado dos cornos
Mas não.
As palavras é que doem mais que tudo isto.
Fresta deLuz
14 de Março de 2010
Estas correntes enferrujadas apertam-me o pescoço!
Entalam-me as peles e fazem os grandes maciços
De pus explodir em múltiplas direcções.
Não consigo falar
Só me sai ranho merdoso de cobardolas,
Ou gigantes coágulos de sangue de cão.
Ah! E tenho imensa vergonha desta merda,
Sou eu que aperto as correntes
É de livro vontade que tenho a boca a saber a merda,
O coração mirrado demais,
E uma vida plena.
Parece que é fetiche
Mas não.
Parece que sou passado dos cornos
Mas não.
As palavras é que doem mais que tudo isto.
Fresta deLuz
14 de Março de 2010
Tuesday, January 05, 2010
Estátua de homem que não nasceu.
Como aquela esfinge com musgo,
Aquela gota se ser vivo inquebrável,
Parado, imóvel, de Pedra.
Como eu de baba imaculada,
Parado, imóvel,
Aquela gota de ser vivo domesticável.
Sem me mexer,
Num labirinto em cascavel,
Numa vitória sem adversário.
Um labirinto onde só eu ganho,
Onde só eu morro,
E onde só eu sobrevivo.
Parado, imóvel,
Inerte ao murro,
Inerte ao toque,
Estátua de madeira,
Estátua de barro,
Estátua de homem que não nasceu.
Aquela gota se ser vivo inquebrável,
Parado, imóvel, de Pedra.
Como eu de baba imaculada,
Parado, imóvel,
Aquela gota de ser vivo domesticável.
Sem me mexer,
Num labirinto em cascavel,
Numa vitória sem adversário.
Um labirinto onde só eu ganho,
Onde só eu morro,
E onde só eu sobrevivo.
Parado, imóvel,
Inerte ao murro,
Inerte ao toque,
Estátua de madeira,
Estátua de barro,
Estátua de homem que não nasceu.
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