Sunday, March 14, 2010

Toq

É com estranheza que te toco
Como se de algo novo fosse
Intimidante, suave, belo.

Toco e quero tocar mais,
E quanto mais toco mais estranheza tenho,
Mais vontade tenho.

Adoro o tocar que é,
Adoro a estranheza que é
E adoro a vontade que tenho.

Ter os meus dedos que deslizam como pianista por ti.
Para sentir aquele toque e descobrir mais,
Um piano de peças sem fim,
Uma música em que a pauta é o universo,
Um compasso que se divide em tempos sem lógica,
Um espaço que não ocupa, preenche.

É esse toque que quero,
A esses todos ritmos
A essas horas em que tu te abres e respiras
E cantas a música da vibração inaudível,

Despejas aquele suor seco em mim
E aquela fervura de criança que ainda não conhece.

Toco e gosto de tocar em algo que sempre me tocou.


André Ventura
15 de Março de 2010

0072

Como uma valsa desço pelo Universo,
De braço dado.
O teu conforto,
Os teus braços de estrelas.


Aos saltos de planeta em planeta,
Viajamos e
Uma longa infinitude ainda falta.


Milhares de planetas, de histórias,
De sítios e paisagens.


Paisagens que quando contornadas
Pelo teu corpo,
Pela tua face,
O brilho dos teus olhos,
O fascínio dos teus lábios,
A vida dos teus cabelo,
Se tornam em mais multiplicações do próprio Universo.
Paisagens que me fazem vibrar de sede.


E com a tua voz,
Um canto que surge no Universo silencioso,
Uma voz que faz vibrar astros de emoção.


És uma sensação que me multiplica em Universos.
Uma sensação que me faz.



4 de Maio de 2009

Saturday, March 13, 2010

)))

Parece mentira
De vez em quando basta-me abrir a boca
E bebo ouro líquido.

Vem daquela estátua
Que de noite flutua sobre o colchão
E de dia brilha! E muito!

Imóvel não é,
Mas é estátua porque é sólida,
Definida
E sabe definir-me,
E sabe tocar-me
E sabe rir-me
E sabe…
E sabe..
Tanta coisa!

Ai estátua de berlinde,
Adormeço sempre com a tua imagem ao lado.


André Ventura
14 de Março de 2010

BLERK DE RANHO!

Blerk !! Blerk! Blurk! Blark! Blork! Brouummm!
Estas correntes enferrujadas apertam-me o pescoço!
Entalam-me as peles e fazem os grandes maciços
De pus explodir em múltiplas direcções.

Não consigo falar
Só me sai ranho merdoso de cobardolas,
Ou gigantes coágulos de sangue de cão.

Ah! E tenho imensa vergonha desta merda,
Sou eu que aperto as correntes
É de livro vontade que tenho a boca a saber a merda,
O coração mirrado demais,
E uma vida plena.

Parece que é fetiche
Mas não.
Parece que sou passado dos cornos
Mas não.

As palavras é que doem mais que tudo isto.


Fresta deLuz
14 de Março de 2010