Tuesday, December 04, 2007

Stoned

As nuvens, os violinos.
As guitarras, os rios.

Este halo de tons
Viagens
Descobertas
Experiências

Esta volta ao mundo sentado,
De charro para fazer
Com mágoas para fumar.



Fresta de Luz, 29 de Novembro de 2007

Panorama

Luzes alaranjadas,
Rios com reflexos de luzes alaranjadas
Ruas velhas, podres, sem alma, meio alaranjadas.

Luzes nas casas quadradas amareladas
Pessoas como as sombras,

[de lâmpadas amareladas.]

O fulgor matinal da cidade,
A corrida, o atropelamento, os gritos de toda a maquinaria!
O ar putrefacto, os galões de petróleo!

As buzinas misturam-se numa cacofonia hilariante! De rir mesmo!
Ah! Ah! AH! AH!
Vamos rir!
Rir desta vida à velocidade da luz!
Vamos parar! Suster o ar!
Vamos sonhar!


Sonhar com um novo panorama!


Fresta de Luz, 29 de Novembro de 2007.
Covilhã

Sunday, August 19, 2007


Pause by FredG

Pausa


Um passo em frente
E
Trespassei a ténue glandula temporal,
Que segrega continuamente a velhice.


Os relógios à minha volta pararam,
Relógios de todas as formas, cores e almas.
Uns mais carrancudos, outros alegres e bem-dispostos
E alguns solitários e anti-sociais.


O momento já não o é,
O presente não existe.
Nem passado nem futuro.


A mente perde-se na confusão temporal,
Na ansia de memorizar o que vive,
Mas é-lhe impossível memorizar o que quer que seja,
Não existe passado para memorizar.


Eu perco-me em frustrações,
Tornando-me num ser morto e sem ambições,
Sem perspectivas de um futuro que não existe.


Estático
Com tempo para tudo e sem tempo para fazer algo.


Hilariante
Por querer aproveitar uma pausa eterna que,
Na realidade não é eterna nem fugaz.
É uma pausa.




André Ventura

20 de Agosto, 2007

Thursday, May 03, 2007

Cubicle 2 by psychohazard
[Antes de me sentar num culminar de 3 arestas de um cubo
Numa sala cinzenta de cadeiras esbranquiçadas
E luz branca uniforme e baça]

Sento-me
A minha senha é a 3845 e vai no número 354

Terei de esperar nesta sala sozinho
Nesta sala de espera agoniante,
Nesta sala onde se espera pelo libertar do eu.

Nesta sala onde os gritos
Se propagam à velocidade da realização de um sonho.

Tudo aqui é lamacento e lento
Até os movimentos mais íntimos de raiva
Ganham harmonia.

Nada aqui é passível a libertação
Nesta prisão(sala)
Tudo é preso
Tudo é belo
Tudo é uma constante agonia harmónica.

Tuesday, May 01, 2007

Retratos do passado

Desvario Absoluto


Dias atribulados correndo na enchente de alcatrão absurdo e extasiante. Roubam-me o tempo, a vida a Poesia!! Por meia dúzia de números, sabem que mais?! Que se foda... Cagarei para a vida ou para o campo lexical usado neste texto, neste texto ultrapassarei barreiras e nem me darei ao trabalho de o corrigir ortograficamente.
Levanto-me às 8h07(apenas uma estimativa)-aulas até às 23h, sim porque com a fadiga do dia o cérebro já não carbura o suficiente depois das aulas e o minímo esforço que faz já é como um ´rduo trabalho para nós.
Com que arrogância e hipocrisia e que estes horários entraram-me na vida e roubaram-me tudo, olha já agora furtem-me o cansaço, está bem?! Pois esse vocês não querem. Pobres e mal agradecidos tal como todos os media, governantes ou representante de graduação maior, só escolhem o que vos interessa.
Sim apeteceu-me critícar hoje, mas também irei elogiar:
Oh Nada! Como és simples e eu nem te conheço. Gosto de ti.(agora ouviria-se a expressão "e ponto final")
Desabafarei sobre correntes que amordaçam as frágeis e dóceis mãos do meu povo, as coprrentes da ignorância e ceguez. Coitados logo à nascença é-lhes atirada areia para os olhos através de um conto que todos contam a estas crianças que é;"Portugal um PARA�?SO à beira mar-plantado". Mas este não se aplica o provérbio "Quem conta um conto acrescenta um ponto", este deverá estar inalterado desde os descobrimentos.
E é tudo, que se foda a extensão ou recursos estílisticos.
Peço desculpa a todos mas saiu-me, um desvario em forma de impulso.
UM BEM HAJA


Amo-te Nefv


retirado do meu antigo blog, www.photoblog.be/splitbtg, postado em 17/5/2005

Thursday, April 26, 2007

Conto Amorado

“Fresta de Luz Cidade Luzente

Cara amoradinha ______ , escrevo-te com a promessa de uma carta que deveria ter escrito há algum tempo! Aqui pela cidade Luzente vai tudo bem!”


De repente alguém bate à porta, lançando esbaforidos
- Fresta abre depressa!
Fresta pousou a pena manual no tinteiro e levantou-se calmamente. Vestiu o seu enorme casaco que só tinha uma manga e abriu a porta.
-Que se passa Brisa? - perguntou enquanto fazia um gesto com a mão convidando-a a entrar.
-Nada de muito especial! Mas queria-te avisar que na Cidade vai haver uma festa com todos os Elfos dos arredores! Vai haver muita magia e misticismo! Queres vir? - já era normal Brisa fazer tanto alarido por coisas aparentemente casuais, no entanto, Fresta achava imensa piada esta situação.
-Não me parece… Tenho de acabar uma carta.
-Pois! Tu e a mania das penas tradicionais… Porque não usas uma mágica? Sempre era mais rápida!
-Mas torna a escrita impessoal! - Concluiu esboçando um sorriso suave.
-Bem. Sendo assim irei eu mais o Elfo Saturno. Fica bem! É pena não vires… Mas para a próxima não nos escapas!
-Ah ah! Fica prometido! E manda um grande abraço ao nosso Elfo Satu.
Na Cidade Luzente, era pouco usual haverem festas com Elfos, mas Fresta decidiu tirar a sua noite para escrever uma carta que havia prometido. Mesmo sabendo que a noite ia ser bem alegre, com as ruas iluminadas por bolas de fogo de todas as cores e arco-íris de mil cores projectados nos céus estrelados, enormes paradas de elfos a dançarem e a deslizarem pelo ar. Os elfos eram todos capazes de flutuar, tinham imensos cabelos compridos vermelhos que chegavam aos joelhos, e por eles saltavam as suas orelhas pontiagudas. Todos eles traziam trajes verdes, que mais se parecia com folhas enormes enroladas no corpo. Os olhos deles também eram alongados como os de Fresta. Cidade Luzente era uma cidadezinha assente num pequeno vale onde a água escorria incansavelmente , por uma pequena ribeira com árvores enormes e de troncos ásperos mas sapientes, trazendo vida a todos os seus habitantes.

A sua noite iria ser estrelada, iria ser colorida, iria ser uma festa toda ela dentro da sua solidão. Fresta era um jovem fugidio, livre, alegre e triste, bom e mau, inteligente e estúpido. Era moreno, tinha cabelo liso a tapar o olho direito, normalmente usava um casaco enorme de pele castanha clara a cobrir apenas um braço, os seus olhos eram castanhos e andava sempre de arco e flecha atrás.
Acabou a carta eram 04:04, levantou-se penosamente da sua cadeira em direcção à cozinha. Estava a despejar um bocadinho de chá e, por trás, subitamente, umas mãos cerraram-lhe os olhos. Fresta já as conhecia, eram as mãos de Lionah. Uma jovem esbelta e simples, com uma pena a enrolar o cabelo castanho ondulado, um enorme vestido creme amarrotado, e de capa atrás.
- Ah ah! Sabes bem que essas partidas já não me enganam!
- Pois eu sei, mas continua a meter piada.. Então Fresta como correu a tua noite? Ninguém te viu pela festa. Ias adorar ter visto os arqueiros que lá estavam a lançarem enormes flechas às cores escrevendo no céu palavras…
- Pois.. A minha noite…. A minha noite fui eu agarrado aquela pena, a escrever uma carta. Eh eh.. - De Fresta saiu um sorriso encolhido.
- É Ela?
- Pois… Sabes, cada vez sinto-a mais cá dentro mas nem a conheço. É estranho…
- Senta-te aqui comigo! - Sentou-se ao lado de Lionah, e uma pequena lágrima escorreu do seu olho alongado nas extremidades, semelhante ao hieróglifo egípcio. - Oh… então amigo? Sabes bem que assim é que não matas as saudades, se é que elas possam existir neste caso! Temos é de nos concentrar no plano de como ir ter com ela.
- Pois… Mas daqui até lá… A dor permanece, os velhos levantam-se, as crianças deitam-se mas, ela permanece. As estações podem inverter, o mundo pode ficar quadrado mas a dor será sempre dor…
- E o amor também será sempre amor! - Piscou o olho a Fresta e com os seus dedos retirou ao ritmo do vento a lágrima - Já é tarde, vai dormir!
- Pois.. Amanhã também tenho de me levantar cedo. Então, até amanhã Lionah! Obrigado…
Lionah sorriu, e saiu pela porta. No entanto a vontade dele não era ir dormir, nem sequer descansar era estar presente no tempo e no espaço, era distorcer estes dois elementos e poder manipulá-los. Sentado na cama pensava e pensava mas não pensava. Chorava e chorava mas não chorava. Observava e observava mas não observava. Em suma, não fazia nada, estagnou no tempo e no espaço, os relógios pararam, Fresta também, os olhos começaram a rodopiar a cabeça a ferver e como um ser gelatinoso tombou para cima da cama.



A queda era enorme! Um enorme túnel era percorrido a milhares de metros por segundo! No entanto a pressão do ar não era sentida, as suas roupas ondulavam levemente através daquelas luzes anelares! As batidas do seu coração eram lentas e compassadas. A respiração era tranquila e nem se fazia sentir. Os lábios continuavam molhados. E os cabelos ondulavam como seda reflectindo todo aquele halo de luzes.
Num segundo, toda a queda parou leve e imperceptivelmente. Fresta estagnou no ar, no meio de um imenso ribeiro roxo, as cores todas elas lhe eram estranhas. Os seres eram belos, semelhantes aos que ele conhecia mas com uma aura que o fazia sentir-se estranho. As árvores eram todas elas milenares com troncos com mais de 7 metros de diâmetro, e copas que mais se assemelhavam a Bonsais genuínos.
Pousou as pernas, deu um primeiro passo em falso caindo junto de uma flor azul, semelhante a um cravo, mas com pétalas muito maiores, de onde ainda brotavam incansavelmente as luzidias gotas do orvalho que faziam estremecer no ar as cores do prisma de cristal. Ainda se sentia meio zonzo com toda aquela queda. Com toda aquela viagem! Toda aquela mudança! E tudo isto!
No seu cérebro o lado racional já se tinha esgotado. Toda aquela confusão fez desaparecer todo o racional possível.
As perguntas eram muitas e as respostas ou não surgiam ou tendiam a surgir o mais estranhas possível. Queria-se levantar para ver e confirmar, no entanto, o seu medo perante o desconhecido era enorme. Esperou! Pensou! E ainda esperou mais! Não deixando de Pensar!
A mão saltou num reflexo rapidíssimo em direcção ao arco e às flechas! Os dedos enrolaram as armas à sua volta com uma tremenda força fazendo com que todas as veias do braço palpitassem constante e velozmente! Saltou e colocou-se de pé à velocidade de uma fresta de luz, o arco já se encontrava apontado e a flecha segura. No entanto, Fresta baixou imediatamente as armas. O mundo que se opunha à sua frente era de Luz. Nada ali tinha razões para se considerar uma ameaça, antes pelo contrário, tudo ali tranquilizava a alma de qualquer ser.
Era um imenso verde de bonsais gigantes, de águas cristalinas lilases, e flores de cores sem fim. Por todas aquelas copas gigantes passavam , inexplicavelmente, infindáveis raios de luz que reflectiam no chão uma pequena névoa de partículas de luz. Os odores eram uma enorme miscelânea de sensações alegres, tudo ali se identificava com a memória. “Mas que memórias são estas?”. fresta interrogava-se constantemente, conhecia aquele lugar, aqueles cheiros, mas não se recordava sequer de uma imagem igual.

Sunday, April 22, 2007

Amo o delírio

adoro o delírio, certas vezes, quando o amor é imenso, sento-me calmo e consciente no meu sofá de pernas partidas (nunca vi um sofá de pernas inteiras) e observo o meu delírio actuar.
corre e percorre a sala de um lado para o outro da sala com as paredes mal pintadas. salta entusiástica e nervosamente enfiando a cabeça no tecto. aí permanece cinco minutos como alguém que tenta acalmar, mas mal a parede racha o delírio volta à acção! Liga a Tv, faz zapping, liga on internet, navega sem sentido, ouve rádio sem se aperceber do que ouve. Ahhhhh! Orgasmo mental de uma vida contemporânea completa! Publicidade! marketing! stress! fome de esperma mental! os rins já nada filtram! urina transparente!