Sunday, February 06, 2011

(Lá ao fundo há uma carpete vermelha)

tenho um dragão no coração,
mas este gajo não é como nos filmes
é um tipo aveludado e sem picos.

este dragão é deveras bom
aconchegador, leve, quente.

de vez em quando tosse
ou cansa-se e bufa e,
nessas alturas, os seus cristais
espetam-se em mim.

fico a vomitar durante algum tempo,
sem conseguir tocar nas paredes,
cheirar o fumos dos carros
ou ouvir as buzinas às 07h30.

e assim divido-me no paralelismo do dragão.

é como que um universo de espelhos,
de espelhos com histórias que nunca morrem,
como um barco sobre um mar
de banda desenhada.

É nesse (a)mar que me perco
de olhos fechados
enquanto caio
no abismo da noite.

(Lá ao fundo há uma carpete vermelha)

Fresta de Luz
07/02/2011

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