Tuesday, June 03, 2008

Turvado

Que bom banhar-me em águas lamacentas,
Turvas,

Lixiviadas,
Obsoletas e a cheirar a merda.

Quanto mais se rasteja mais se quer rastejar,
Cada vez menor será a queda,
E eu continuo a rastejar
Cada vez com mais paixão.

Continuo com as norsas dos dedos em carne viva,
Delicio o chão imundo com a lingua já toda rasgada
De tanto corte.

Rastejo e cada vez gosto mais,
Mas muitas vezes gostaria de ver o céu mais perto,
Mas como muitos homens vivem numa sociedade que lhes enoja,
Eu rastejo nesta vida castanha e pestilenta,
Até que o céu se aproxime um bocadinho mais.



André Ventura
(4/06/2008)

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