Wednesday, May 30, 2012

Thursday, August 18, 2011

87126

Cor de táxi,
sentimento de viagem prematuro.

Um amarelo que dá-me azia,
um verde e preto que me embebeda.

Leva-me nessa viagem,
aquele cheiro que não cheira,
amigo por cinco minutos,
embala-me antes de chegar a casa.

Thursday, June 23, 2011

crise existencial cibernética.

Se eu comparar-me tenho bom gosto,
se for ele tenho um gosto foleiro
se fores tu curtes-me.

Se for contigo eu não existo,
se for com aquele sou um espectro,
com o amigo nº253
não tenho existência para lá do meu perfil.

Mas se gritar na rua existo,
se gritar na rua quem gostar aplaude
quem não gostar manda-me um vaso na tromba.

Na rua os gostos são atitudes,
na rua existo.


Fresta de Luz (o perfil de facebook com inteligência artificial)
data (desconhecida)

Thursday, May 26, 2011

Reptil-Uno

cabeça humana,
cauda de lagarto
e dedos colados.

somos sempre essa imagem
esse embrião de olhos vendados.

as mãos nem conseguem agarrar
e a coluna só serve para abanar.


Pulgas répteis
que nem saltar sabem.
Uma habilidade lindíssima
que no máximo só usamos no Circo.

Seres circenses de holofotes em cima
num circo onde o público é feito de outros iguais.
Num circo de espetáculos infinitos
onde só nós nos aplaudimos.
Sem mobilidade, visão, tacto.

Um órgão toca lá ao fundo, onde a luz começa
mas nós não o ouvimos,
entretidos em nós próprios e
perdidos nos outros.


Fresta deLuz
27/05/2011

Saturday, May 21, 2011

faca no .

Aquele som de fundo
amaldiçoado por graves
e água salgada.

Aquele toque
e aquela brisa
que contém partículas de vidro.

Aquele jarro que nunca ninguém tocou
a morte que aguarda-nos
e nós que não a aguardamos.

Mas medo de quê?
Amor à eternidade?

Amor a um jarro que nunca tocaremos,
a uma brisa que nos mata
e àquele som que faz-nos jorrar sangue dos ouvidos.

A vida curta encerra em si os maiores medos,
a eterna as maiores ausências.

Não quero uma nem outra,
suspende-me!



Fresta deLuz
22/05/2011

Monday, May 09, 2011

Pedro Pedra

"Raramente janta, o exercício do dia não lhe cria fome suficiente e à noite pouco faz. Costuma ligar a televisão para ter companhia enquanto senta-se no sofá a olhar para aquela terra sem nome, o vazio, o nada. A terra onde as pessoas mergulham no pensar, nas paredes brancas e nos ecos. Acaba sempre por adormecer sentado e de pernas cruzadas, virado para a televisão. A luz azul dá-lhe um requinte de ser do mar, perdido em cruzadas."




Fresta de Luz

XX/XX/XXXX

Thursday, April 07, 2011

8887

Afinal era assim.
Uma responsabilidade,
Um soco no peito.

Não o sabia,
Mas era assim
Que sempre devia ter sido.

A baba cai-nos,
Os músculos abatem,
Ficamos fixos, permanentes.